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Crítica: Esquadrão Suicida - Sem Spoilers

  • João Vitor Dantas
  • 5 de ago. de 2016
  • 4 min de leitura

Batman vs Superman tinha muitas obrigações. Além de mostrar o novo universo, estabelecer o tom dos outros filmes e apresentar novos personagens, o filme deveria ter sido um grande sucesso de bilheteria e arrecadar tanto quanto Vingadores e Vingadores – A era de Ultron arrecadaram. Entretanto, o longa foi um fracasso de crítica e arrecadou quase metade do estipulado pela Warner. Convenhamos que, na ocasião, Zack Snyder foi muito megalomaníaco; porém quando se trata de Esquadrão Suicida, um filme que não possuía metade das obrigações do seu antecessor, é uma vergonha e uma falta de respeito com os fãs, o material apresentado.


O filme abre nos apresentando Amanda Waller (Viola Davis), que pretende recrutar uma equipe de vilões aprisionados e obrigá-los a servir como arma contra possíveis ataques de meta-humanos, fazendo alusão, é claro, ao Superman. Durante tudo isso, o esquadrão suicida recebe uma missão extremamente perigosa.


A direção é de David Ayer, que também dirigiu o excelente Corações de ferro em 2014. Entretanto, aqui, o diretor demonstra uma incrível falta de sensibilidade para o que o mostrado em tela. A impressão é de que estava ou ausente ou perdido durante as gravações, que não sabia exatamente o que estava fazendo, e isso é visível no tom do filme, que nunca se estabelece e acaba virando o principal fator negativo de Esquadrão Suicida.


Na crítica de Batman vs Superman, elogiei a coragem e a maneira de como o tom do filme foi construído e o quanto o clima denso e sombrio funcionava para esse novo universo da DC. Entretanto, Esquadrão Suicida involuiu com o fracasso do seu antecessor, já que, além do tom, apresenta praticamente todos os outros problemas dele.


Se a situação já era difícil para Ayer, descobrimos então que o roteiro também é de sua autoria, o que demonstra uma incompetência elevada a níveis estrondosos. Com diálogos fracos, pouca inspiração cômica e uma história que tenta fazer sentido de qualquer jeito, temos um dos roteiros mais mal escritos do ano e a falta de desenvolvimento dos personagens, que poderiam ofuscar metade dos problemas do filme, é um verdadeiro desgosto.

Esqueça o Esquadrão, o filme é da Arlequina, do Pistoleiro, com algumas intervenções de Amanda Waller para controlá-los, e aparições de um Coringa nada envolvente.


Capitão Bumerangue, Crocodilo, Katana e Diablo são absolutamente ignorados pelo roteiro. Eles estão lá, mas, praticamente não atuam; são transformados meros recursos cênicos.


Se o Pistoleiro, vivido por Will Smith, e Amanda Waller conseguem ser os personagens mais interessantes do filme; Arlequina, interpretada por Margot Robbie, e o Coringa de Jared Leto são os mais unidimensionais. A primeira, que está disposta a fazer o público rir a cada segundo que aparece em tela com piadas absolutamente sem graça, ela insiste em tatuar no meio da testa “Sou louca, riam de mim”. O roteiro mal aborda sobre seus problemas psicológicos e o quanto eles lhe afetam negativamente o que é uma tristeza, já que a personagem tem muito apelo dramático.


O Coringa de Leto, que talvez fosse a maior expectativa dos fãs em relação ao filme, mostrou-se um personagem bastante decepcionante, desinteressante e nada ameaçador. Resta torcer para que no próximo filme do Batman ele pelo menos tenha o espaço que seu personagem merece.

Destaque para Viola Davis, que faz um esforço sem igual para sua personagem não cair em uma caricatura do roteiro, e Cara Delevigne que, como atriz, é uma vergonha.


Para os que reclamaram do vilão de X-Men: Apocalipse, logo vão se decepcionar ao saber que o vilão desse filme consegue ser pior. Sem senso de ameaça, sem motivação. Assim como os outros personagens, ele absolutamente jogado na trama.


A montagem também é outro fator extremamente problemático, que, além de fazer o filme perder tempo, não possui nenhum ritmo e é extremamente caótica. Consequentemente, faz o longa parecer maior do que deveria. Nota-se também lapsos de tempo sem sentido e adição de cenas, que claramente não estavam no material original e que ficam perdidas durante toda a projeção, como se tivessem sido adicionadas ali sem nenhum cuidado.


Em termos de figurino e desing de produção temos algumas ideias interessantes, porém ofuscadas pela fotografia e a péssima maneira como a trilha sonora é utilizada.


Está última é repleta de músicas pop e rock que fazem ou fizeram sucesso, algumas inclusive estão nos trailers divulgados pela Warner. Músicas ótimas, porém, óbvias (Sympathy for the Devil, sério?) colocadas em momentos errados, mal editadas e sem nenhuma razão de estar ali, destoando completamente do filme, o que é uma pena, já que poderiam render bons momentos como em Guardiões da Galáxia, por exemplo.


A esse ponto do filme, esperava-se pelo menos competência na construção cenas de ação razoáveis. Porém, “Esquadrão Suicida” entrega computação gráfica malfeita (à lá “Lanterna Verde”), sequências sem nenhum tipo de urgência emocional e momentos onde o sentimentalismo barato, utilizado para justificar a ação, empregando palavras como “família” e “amigo”, chega a ser vergonhoso.


O ato final se perde (mais ainda) em um festival de luzes e a uma batalha final piegas, e entrega um resultado sem pé nem cabeça. A maior decepção do ano, e difícil de ser superada. Em termos de qualidade fica perto de filmes como Convergente.


Sinceramente, não chega nem aos pés de Batman vs Superman, e cá entre nós, isso não nem um pouco bom.


NOTA: 4.0


OBS: Tem cenas extras entre os créditos.


 
 
 

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