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Crítica: "A Chegada" - Sem Spoilers

  • João Vitor Dantas
  • 11 de dez. de 2016
  • 3 min de leitura


É possível dizer que Denis Villeneuve é um dos melhores cineastas de sua geração. Com uma habilidade impressionante para contar histórias relativamente difíceis, ele é responsável por verdadeiras obras primas da última década como Incêndios (2010), Os suspeitos (2013), O Homem Duplicado (2013), Sicário – Terra de Ninguém (2015) e finalmente a produção de 2016 A Chegada.


O filme é uma ficção científica em sua essência, gênero que costuma explorar eventos de distopia e tecnologia para conversar sobre a natureza humana e tentar responder perguntas que sempre foram alvo de nossa curiosidade “Para onde vamos?”, “Qual nosso objetivo?”, “Até quando vamos lutar para alcançar um bem comum?”. Dito isso, é notável então, que esse gênero costuma ser extremamente carregado de drama e são verdadeiras aulas sobre a vida quando feitos com a intensidade necessária e o talento dos profissionais envolvidos. E acreditem, talento e intensidade sobram nesse projeto.


O longa narra os eventos de uma invasão alienígena à Terra, sendo necessário estabelecer contato e para essa missão aparentemente impossível o governo americano a renomada linguista Louise Banks que busca obter uma forma de traduzir a complexa linguagem dos visitantes.


Apesar de o filme tratar sobre uma invasão alienígena, não se engane, A Chegada se difere das demais produções lançadas anualmente pelos EUA, que pouco tem a dizer. Apresentando uma trama sobre a humanidade, o destino, decisões, vida e morte, o filme é carregado de tensão e nada é entregue de graça.


Villeneuve conduz a narrativa com paciência, contemplando a situação e os envolvidos, ressaltando suas funções e condensando uma situação que tem consequências globais em apenas uma pessoa; o seu mérito é dar peso a todas as decisões, sejam da protagonista ou até mesmo dos Aliens, além de envolver os espectadores levando-os a pensar sobre os temas propostos.


Para isso ele utiliza perfeitamente a linguagem cinematográfica a seu favor, com uma fotografia inventiva, abusando de planos abertos e contemplativos, mostrando as dimensões do OVNI e até mesmo ocultando-as do plano estabelecendo então, sua grandiosidade. Auxiliados por belíssimos contra-plongée – um recurso que utiliza ângulos de câmera de baixo p/ cima – o longa cria uma noção de tempo, espaço e até mesmo de gravidade bem diferente da que estamos acostumados.

Mergulhando no consciente da Dra Louise Banks, somos imersos no universo guiado por seu ponto de vista. Seus medos, seu amor pela linguagem, seus sonhos e pesadelos ficam extremamente claros à medida que o filme avança, utilizando câmeras subjetivas e uma mixagem de som que informam o espectador, desde os primeiros minutos, que o centro da narrativa é sua personagem principal. A afirmação pode parecer um pleonasmo, porém o estabelecimento disso é importantíssimo, já que no terceiro ato, o filme toma uma direção oposta ao que as convencionais ficções costumam navegar.


Ao exibir uma fascinação pelo desconhecido, o roteiro nos beneficia de momentos absolutamente brilhantes e emocionantes, como no plano-detalhe do personagem Ian tocando pela primeira vez a superfície do estranho objeto, as interações entre os cientistas e os seres desconhecidos e as tristes memórias da protagonista. Nesse sentido, o longa acerta perfeitamente onde filmes como Interestelar (2014) erram grotescamente.


Com atuações seguras e carismáticas de Forrester Wintaker e Jeremy Renner e uma atuação contida, forte e carregada de Amy Adams, A Chegada é uma experiência impactante, filosófica e, de certa forma, otimista, tornando-se, facilmente, uma das melhores ficções cientificas da década e o melhor filme do ano, até agora.


Agora é só esperar a continuação do clássico Blade Runner que será conduzida pela enorme habilidade de Denis Villeneuve, um cineasta que não cansa de apresentar futuros clássicos.


NOTA: 10


 
 
 

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