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Crítica: "Batman vs Superman" (2016) - Sem Spoilers

  • João Vitor Dantas
  • 27 de mar. de 2016
  • 5 min de leitura

Vamos ser francos, o objetivo principal de "Batman v. Superman - A origem da justiça" não é fácil. Primeiramente, o filme deve cumprir o objetivo de apresentar com sucesso o novo Batman, a Mulher-Maravilha e expandir a história do Superman. Além disso, deve continuar o que o "Homem de aço" começou, e preparar o terreno para os novos filmes do universo cinematográfico da DC. No meio de todo esse caos, o filme ainda procura fazer um fan service apresentando os famosos eastereggs, e criar uma trama convincente e, ao mesmo tempo, grandiosa. Aconteceu o inevitável: Uma bagunça misturada com uma história envolvente.

A priori, algumas considerações: Sim, sou fã do Universo cinematográfico Marvel, e sim, eu reconheço os grandes erros que eles comentem; ou seja, nada que eu diga aqui será apenas por ser hater ou algo assim, na verdade, torço pelo sucesso das duas franquias, quanto mais melhor. E não, eu não conheço muito a respeito da DC, por isso qualquer engano, deixe nos comentários.

Bem, vamos começar. O filme se passa logo após os eventos acontecidos em "O Homem de aço", podemos inclusive rever uma das cenas do filme anterior pela perspectiva do Bruce Wayne (Ben Affleck), mostrando todo caos causado pelo embate do filho de Krypton e o general Zod. A população fica dividida a respeito do Superman (Henry Cavill), enquanto alguns acham que ele é um grande herói, um símbolo de esperança, outros, junto com o Batman, consideram ele é uma ameaça com poder demais nas mãos. Bruce Wayne decide neutralizá-lo, o que acaba levando-o a conhecer Lex Luthor (Jesse Eisenberg), que tem seus próprios planos obscuros.

O visual do filme é hiperestilizado, característica marcante dos filmes de Zack Snyder, o que cria cenas esteticamente grandiosas que parecem ter sido tiradas da HQ. O Batman é representado quase sempre por cores mais frias e mórbidas, enquanto, o Superman está envolto de luzes e cores quentes criando um visual místico e etéreo. O visual, também utilizado em “Watchmen” e “300” (ambos do mesmo diretor), ajuda o desenvolvimento da trama e contribui para imersão do espectador no universo, e isso, confesso, me deixou extasiado.

Eu gosto da ambição de Zack Snyder, mas, o grande problema dele é que ele insiste em não consertar algo que acarreta quase toda sua filmografia: A dificuldade de contar histórias. O quero dizer com isso não é que a história do filme é ruim, e sim que ela é contada de maneira pretenciosa demais e leva o espectador a várias direções, trocando de o foco dessas direções quase imediatamente que elas começam a engrenar. Falarei mais sobre isso abaixo.

Outro grande problema de Snyder, que por acaso, também era o mesmo do Christopher Nolan, é a dificuldade de controlar a Mise-en-scène (tudo que faz parte da composição da cena). O cineasta claramente não tem noção de como dirigir uma cena de ação onde o espectador não fique perdido, como por exemplo, na cena do batmóvel. Isso é algo que me incomoda muito em filmes de ação e é bastante recorrente... Para o espectador é necessário saber onde cada personagem está, quem está ao lado dele e em que lugar está sendo situado a cena. Felizmente, Snyder, não cai no equivoco dos planos fechados de Nolan.

Ben Affleck, é, para mim, a melhor coisa do filme. O ator constrói um Batman já velho e cansado, que não tem mais a paciência de disposição de antes. E ele transita muito bem entre essas emoções, criando o melhor Batman do cinema, até então. E diferentemente dos outros, ele é extremamente agressivo e está disposto a matar.

Enquanto isso, Henry Cavill parece ainda não ter se encontrado como ator, seu personagem pouco parece ter evoluído desde o filme anterior, e nesse ele começa do mesmo jeito que termina. Quando está interpretando Clark Kent, o ator se resume a duas expressões faciais: uma para mostrar felicidade, e a outra para mostrar, insegurança, medo e raiva. Parece as vezes um robô.

Gal Gadot é a Mulher-Maravilha, na pele da amazona, ela consegue transmitir a força e imponência de sua personagem; o mesmo não pode ser dito quando ela está interpretando a Diana Prince, onde mostra que é má atriz.

Jesse Eisenberg, que me fez ficar com o pé atrás enquanto via os trailers, foi uma grande surpresa. Durante a projeção o ator convence como Lex Luthor, apesar de extrapolar demais em algumas cenas, mostrando mais um erro na direção de atores do Zack Snyder. O resto do elenco está bem, temos Amy Adams, Laurence Fishburne e Holly Hunter que cumprem bem seus papeis.

A trilha sonora é energética e complementa o que estamos vendo em tela. O cineasta acerta o tom do filme que é sério e fúnebre, diferenciando do apostado pela Marvel. Não acredito que esse novo tom combine com todos os outros filmes do universo da DC (assim como o tom de humor não combina com todos da Marvel), mas nesse está bem utilizado.

O primeiro ato do filme se estende mais do que devia interrompendo constantemente a trama com sequencias de sonhos e flashbacks que atrapalham demais o ritmo do longa, tornando-o excessivamente cansativo.

Em uma cena, em particular, o universo cinematográfico da DC é apresentado de maneira pobre e desleixada, quase como um teaser dentro do filme. A cena é emocionante para os fãs, mas foi extremamente mal executada e pobre em direção, além de interromper a história em seu ápice dramático.

A batalha principal entre o Batman e o Superman é emocionante, grandiosa, eletrizante e junto com o visual do filme, a trilha sonora e um CGI bem utilizado faz qualquer expectador, fã, ou não, dos quadrinhos, se contorcer na cadeira de tanta emoção. Mas, infelizmente, dura pouco, e tem uma conclusão nada satisfatória, sim, deixa a desejar. O choque de valores dos personagens nunca chega se concretizar e o filme perde o impacto que poderia proporcionar.

O terceiro ato do filme é onde tudo, que ainda era aceitável, desanda completamente. Assim que o personagem do Apocalipse é inserido na trama, o filme vira um festival de computação gráfica malfeita, que junto com a hiperestilização, já introduzida no filme, contribuem para uma das cenas mais visualmente cansativas que já vi no cinema.

É inegável que a DC está atrasada no desenvolvimento de seus filmes, mas definitivamente, a melhor solução não é jogar tudo em um filme, afinal, nem o longa, por si só, funciona da melhor maneira. Eu vejo um grande material desperdiçado por um péssimo roteiro e uma direção perdida, e isso se reflete nas 2 horas e 40 minutos de duração.

Não adianta surrar vários personagens juntos, sem sequer apresenta-los antes. Por exemplo: Você entende que Lex é uma pessoa extremamente má e é capaz de fazer absolutamente tudo para ter o que quer; mas em nenhum momento você sabe de onde ele veio e o que ele quer afinal. Porque ele joga o Batman contra o Superman? Porque ele fez tudo isso? Não há explicação suficiente no filme.

A quantidade de sub-tramas jogadas no filme é tão grande que a maioria simplesmente não tem desfecho, e todo drama depositado no final, por um grande acontecimento, é totalmente anulado pela falta de identificação construída, durante o filme, com o personagem central do drama. Não se pode criar drama, sem primeiro criar afeto, isso é básico; até "A culpa é das estrelas" sabe disso.

No final das contas, o objetivo príncipal é alcançado, mesmo que não do melhor jeito.

Finalizando: "Batman v. Superman - A origem da Justiça" é um filme grandioso, eletrizante, com ótimos personagens e ótimas sequências, existem muitas coisas para se admirar no longa, mas, apesar disso é desleixado, tem uma direção meia boca e é apressado demais.

O que resta agora é esperar os próximos filmes e torcer por melhoras de direção e roteiro. Calma DC, vamos por etapas. Espero realmente poder curtir os próximos filmes, assim como curto os da Marvel.

NOTA: 6.3





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