Crítica: "Donnie Darko" (2001)

“Donnie Darko”, para quem não sabe, é um clássico cult do gênero ficção cientifica/horror que, na época de lançamento, não fez muito sucesso, devido à sua narrativa estranha e um final quase impossível de entender, mas hoje é cultuado por várias pessoas e inclusive ganhou alguns prêmios. Trata-se de um filme diferente, e isso é o que mais me atraiu em sua 1 hora e 44 minutos. É possível entender algumas coisas prestando muita atenção, mas nem tudo é esclarecido. De qualquer forma, que eu tenha entendido ou não, esse filme não sai da minha cabeça.

A história é sobre um menino bem problemático chamado Donnie Darko, interpretado por Jake Gyllenhaal, que sofre de sonambulismo e passa a enxergar um coelho e 2 metros de altura bem macabro. O coelho anuncia a ele que o fim do mundo está próximo (dizendo inclusive uma data), e começa a influenciá-lo a fazer coisas horríveis. No começo o menino fica meio cético sobre o que está acontecendo, mas, após uma série de acontecimentos, ele decide investigar.

Escrito e dirigido pelo na época estreante Richard Kelly, que mostra que possui bastante técnica e controle sobre o filme, executando ótimos planos e apresentando muito bem seus personagens e os componentes necessários para conhecermos cada um deles. Infelizmente, seu controle apresentado até então, se perdem lá para o final da película, e testemunhamos uma grande quantidade de cenas que, apenas com o conhecimento obtido durante a duração do filme, são inexplicáveis. Falarei mais abaixo sobre isso.

O filme surpreende pelo ótimas tiradas de humor e uma trilha sonora que contrapõe com a atmosfera sombria que ele adota. Repleto de músicas dos anos 80 e referências a cultura pop (Stephen King, Os Smurfs, Martin Scorsese etc.), o filme acaba sendo bastante divertido e chama a atenção do espectador para sua trama que a princípio é apenas estranha, mas depois mostra-se bastante complexa. O roteiro aborda vários temas importantes como o medo, o amor, o passado, a existência do ser humano, entre outros.

Jake Gyllenhaal está excelente no papel principal, passando todas as inseguranças de um adolescente comum e as equilibra com a esquisitice e os problemas mentais individuais de seu personagem, entregando assim um Donnie Darko que só poderia ter sido feito por ele.

Compondo o resto do elenco, temos Jena Malone, interpretando o interesse amoroso de Donnie, que também está ótima e faz uma personagem bastante cativante, além disso possui uma boa química com o protagonista. Temos também Patrick Swayze, Maggie Gyllenhaal, Drew Barrymore, todos muito bem, porém subutilizados.

O grande problema de Donnie Darko está, como já podíamos imaginar, no seu 3° ato. O filme é encerrado cheio de incógnitas e com “ponta soltas”. A impressão dada é a de que o tão roteiro era complexo que o diretor não conseguiu trazer tudo para a tela, assim só com uma boa pesquisa na internet a história começa a fazer sentido. Não entenda mal, não tenho problemas com filmes com final em aberto, mas esse, em específico, nem mesmo espectador mais atento consegue entende-lo por completo.

O diretor publicou varias explicações a respeito do filme após o seu lançamento, e tentando explicar demais a história, ele acabou cometendo um grande erro: Um bom diretor não deve ter que explicar seu filme, em hipótese alguma. O filme deve funcionar por si só, estabelecer um universo por si só, e contribuir para que o público faça o seu papel de decifrar e/ou refletir.

Contudo, Donnie Darko não é um filme ruim, muito pelo contrário, é um excelente filme, e, mesmo sendo contra pesquisar sobre o filme para entendê-lo, recomendo que todos façam, e assim possam desenvolver suas próprias teorias sobre o universo do filme. Me diverti bastante assistindo, e recomendo.

Finalizando: Donnie Darko é um filme envolvente, complexo, que aborda temas importantíssimos sobre a vida; é muito bem dirigido, porém perde o controle e não se autossustenta.

OBS: Recomendo esse site para quem já tenha assistido ao filme, pois contém revelações sobre a trama: Clique aqui.

NOTA: 8.0